Ciranda: brincar, aprender e lutar por direitos

[vc_row][vc_column][vc_column_text]É necessário reconhecer as crianças como sujeitos no mundo, como sujeitos que sentem e vivenciam, à sua maneira, o que acontece ao seu redor. O crime que ocorreu no dia 5 de novembro de 2015, e que continua na vida dos(as) atingidos(as) ao longo da Bacia, não deixou de fora as crianças. Elas sentem os impactos de tudo isso e absorvem as dores e os sofrimentos causados pelos danos. Portanto, é importante acompanhar e entender de que forma elas foram atingidas.

A pauta de “Reivindicações de Barra Longa” deixa bem claro que são consideradas atingidas as crianças que estão em fase de formação e que vivenciam as consequências do crime. Por isso, com suas experiências de vida, seu jeito de lidar com o mundo e seus olhos ainda inocentes, elas já estão participando da organização e da luta por direitos. Elas já produzem mudanças no mundo em que vivem e influenciam outras pessoas.

Para que as crianças não fiquem de fora de toda a luta dos atingidos e atingidas de Barra Longa, são organizadas cirandas dentro dos grupos de base. A ciranda se propõe a ser um espaço para garantir a participação dos(as) atingidos(as), principalmente das mulheres, pois sabemos que, na sociedade em que vivemos, são elas que, na maioria das vezes, ficam responsáveis pela tarefa do cuidado com as crianças e também com a casa, com os doentes e com os idosos. São as mulheres que mais participam dos espaços de luta e de reivindicação. Garantir as atividades da ciranda significa assegurar a participação das mulheres. E isso é fundamental para o funcionamento dos espaços organizativos e para seguir com a luta.

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“Lá vai o menino rodando e cantando,
Cantigas que façam o mundo mais manso,
Cantigas que façam a vida mais justa,
Cantigas que façam os homens mais crianças.”

Thiago de Melo

[/vc_column_text][/thb_border][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column][vc_column_text]Além de ser um lugar de “cuidado” com as crianças enquanto seus pais, mães, cuidadores estão participando das “coisas de adulto”, ou seja, das reuniões dos grupos de base, assembleias e dos encontros, as cirandas são espaços educativos. Na ciranda, as crianças atingidas podem, de maneira lúdica, por meio de brincadeiras, canções e histórias, pensar sobre diversas temáticas que estão sendo trabalhadas pelos adultos. É um espaço de promoção e de constituição de valores solidários e coletivos, pois elas podem compartilhar suas experiências de vida e construir laços de solidariedade.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column css=”.vc_custom_1540902208664{margin-top: 25px !important;}”][thb_border][vc_column_text]

“Quando não tem ciranda, a gente fica fazendo bagunça porque não temos paciência para as reuniões de ‘gente grande’. Tem que ter ciranda. Aí os pais não precisam se preocupar em olhar a gente, podem ficar prestando atenção às reuniões. A ciranda é muito legal. Lá, a gente desenha a igreja que tinha em Gesteira antes da lama e faz brincadeiras. Na ciranda, a gente tenta entender o que nossos pais estão conversando na reunião através de desenho, porque assim temos mais paciência e fica mais legal.”

Miguel, Ingrid, Caique e Waslan, crianças atingidas de Gesteira

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