Esse estado de medo já é uma forma de ser atingido, mesmo que a barragem não rompa. A empresa tem que pagar por esse transtorno à população dessas regiões de alguma forma. Em Barão de Cocais, famílias das comunidades rurais foram evacuadas, mas o centro da cidade não, assim como é o caso de Itabirito. Isso gera medo, as pessoas pensam: se retiraram alguém é porque tem perigo, e eu continuo na área de risco. Esse medo vai continuar sendo gerado enquanto o procedimento de emergência das barragens for retirar apenas as famílias que se localizam na área de Auto Salvamento e deixar as demais em risco. É preciso elaborar procedimentos de emergência mais sérios e eficientes e que sejam pensados a partir dos anseios das comunidades que estão sob ameaça de um rompimento.
Letícia Oliveira, Coordenadora do Movimento Atingidos por Barragens (MAB)
Eu tenho problema de pressão alta, fico nervosa, tenho medo de estar dormindo e a barragem estourar. Ela não tem hora. Sou moradora há pouco tempo, mas me preocupo porque não sou só eu, tem muitas pessoas, famílias. Trabalho perto da barragem, na Vila Samarco. Fico com medo, ainda mais porque falaram que lá é um dos primeiros pontos que vão ser atingidos. Não podemos deixar de trabalhar nem de dormir, mas a gente fica com essa preocupação no dia a dia.
Célia Gomes de Araújo, moradora de Antônio Pereira
Em Bento, estávamos debaixo de uma bomba, mas a gente não sabia que tinha mais pelo mundo afora. Nesse lugar que fomos morar, na Vila Samarco, tinha outra barragem! Quando eles pararam o serviço nessa barragem, pensei: se paralisou é porque tem problema. Minha menina ficou meio cismada, “Vamos embora mãe, não vamos ficar aqui não. Já que eles pararam as obras, tem algum risco”.
Terezinha Quintão, moradora de Bento Rodrigues