Qual é a voz do(a) atingido(a)?

O Jornal A Sirene surgiu, em fevereiro de 2016, para garantir o direito à comunicação, à informação e à representatividade para os(as) atingidos(as) pelo rompimento da Barragem de Fundão, da mineradora Samarco (Vale e BHP Billiton). Em julho de 2017, a Fundação Renova também criou um jornal. Não reconhecemos essas publicações porque entendemos que foram projetadas para fazer publicidade para a própria Renova/empresas. O Jornal A Sirene é um veículo de resistência e luta. Nosso único compromisso é criar um espaço que permita que as vozes dos(as) atingidos(as) ecoem.

Por Maria Aparecida Luiz (Dada) e Maria do Carmo D’Ângelo
Com apoio de Tainara Torres e Wigde Arcangelo

[vc_row][vc_column width=”1/1″][vc_column_text]Eles não falaram que eram da Renova. Assim como eu dei a entrevista para eles, posso dar a entrevista para vocês, mas o problema é que não se identificaram, só depois. Isso é uma coisa que tem de ser feita. Qualquer coisa que for fazer, tem que se identificar. Dizer “eu sou repórter da Sirene” ou, no caso deles, da Renova.

Maria Aparecida Luiz (Dada), moradora de Paracatu de Baixo

[vc_row][vc_column width=”1/1″][vc_column_text]Entregaram aqui em casa um jornal da Renova com uma foto toda ilustrada dos meus pais na varanda da casa que eles reconstruíram no meio do barro. A imagem estava mostrando para as pessoas que os meus pais estavam super felizes, que a casa era uma maravilha, não tinha problema algum, quando, na verdade, a casa nem construída para idosos foi. O arquiteto que projetou a casa ou é incompetente ou nunca fez uma casa para idosos porque, se você ver o tanto de escadas que tem na casa…
Eles não falam a verdade, os meus pais estão no meio da lama tóxica, cheia de metais pesados, e a Renova só mostra aquela fachada bonita. Para a Fundação, está uma maravilha, essa é a diferença.

Maria do Carmo D’Ângelo, moradora de Paracatu de Cima

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[vc_row][vc_column width=”1/1″][vc_column_text][blockquote author=”Maria do Carmo D’Ângelo, moradora de Paracatu de Cima” pull=”normal”]Os jornais da Renova são cheios de máscaras e mentem, mas o Jornal A Sirene expõe a realidade que a gente vive sem rodeios e fala a verdade. Esse é o nosso jornal, o jornal dos atingidos.[/blockquote]

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[vc_row][vc_column width=”1/1″][vc_column_text]Às vezes, algo que a gente não está sabendo, fica sabendo pela Sirene. Eu acho bom. Sempre vejo mais o da Sirene. O da Renova não tenho como falar se é bom ou se é ruim porque não acompanho.

Maria Aparecida Luiz (Dada), Paracatu de Baixo

[vc_row][vc_column width=”1/1″][vc_column_text]No dia em que a funcionária da Renova me entregou o jornal e falou que era a voz do atingido, eu falei para ela: “O jornal de vocês é a voz do atingido? Então você vai fazer o seguinte: vai falar com o seu diretor lá que eu sou atingida e quero a minha voz nesse jornal. Eu quero que ele fale que a gente tem estudos de laboratórios independentes comprovando que a lama de rejeitos está contaminada por metais pesados que são prejudiciais à saúde humana”. É isso que os atingidos estão vendo, não é estudo que eles fazem que diz que não tem nada, enquanto estudos de vários laboratórios independentes mostram que tem alta concentração de metais pesados, como o cobre, chumbo, arsênio, níquel, entre outros, que são prejudiciais à saúde humana. Passei isso para ela, nunca mais eles voltaram aqui para entregar jornal. Então, quem está dizendo a verdade?

Maria do Carmo D’Ângelo,  moradora de Paracatu de Cima