Papo de cumadres: a Feira
Consebida e Clemilda resolveram ir visitar os nossos irmãos atingidos lá em Regência Augusta, pertinho do mar onde a natureza liberou para o Rio Doce desaguar.
Por Sergio Papagaio
Clemilda diz para Consebida:
– Cumadi, quem chega em Regência pensa que a lama num dexô niuma pendência.
– É, cumadre, a vila é linda mas a lama ainda está a contaminá rio, peixe e a natureza deste lugá.
– Ispantanu us banhista, istraganu o seuvisso de quem estava pescanu, dificurtanu pros artista vender sua arte prus turista. Que tentação, sumiru com medu da contaminação.
– Cumade, de assuntu nós precisa mudá, pois de tristeza já basta Barra Longa que é o nosso lugá.
– Agora cê falô, então vamu até a feira que dis que tá bunitu bra daná. Quem sabe lá nós conseque se alegrá.
– Cumade, minha fia de Deus, é tantu trem bunitu que u que farta é dinheiru pra nós comprá.
– Farta não, é tudu baratu e bão, veja só este cordão.
– Quem fez foi a Mari, num é muito bacana?
– Oia estas blusas de crochê bunitas de duê, é obra da Bianca, aquela altezã talentosa queles chama de baiana.
– A cá estas tartarugas.
– É de abri garrafa? É um abridô?
– É istu mês… abridô, quem fez foi um nativo de Regência, Sô Nenstor.
– Ispia estas cerâmica feita de barru e amor, foi u cumpanheiru Hauley que fez os pote e ainda desenhô.
– Comu se num bastasse tanta maravia, que se eu fosse falá tudu, ia gastá mais de um dia, ainda vem a Ana e o Marcelo com estas ceuveja fria.
– Cumé u nome destas ceuveja cumadre?
– É u mesmu nome desta vila mágica: Regência Augusta.
– Essa feira ta seuvinu pru povo esquecer as tristeza causada pela lama, superar u trauma, socializá com a turma, óia que bacana, e ainda ganhá uma grana.