A benzedura era uma prática comum nas nossas comunidades. Mas, após o rompimento, esse processo de cura da alma, do corpo e do coração ficou mais difícil sem alguns dos elementos essenciais que foram perdidos no meio da lama

Nesta edição, revisitamos alguns personagens que fizeram parte do jornal A Sirene nos dois últimos anos, para tentar contar o que mudou do primeiro ano para cá. E, se não mudou, por quê? Quais respostas eles ainda não encontraram? O que eles ainda têm a dizer?

Se os pés de frutas falassem, quantas histórias eles teriam para contar? Em nossas comunidades, elas não só nos alimentavam, protegiam e embelezavam as paisagens, como também guardavam nossos segredos, nossos sonhos e nossas histórias.

Os atingidos guardam histórias que foram construídas nas comunidades às quais pertencem. A onda de lama foi forte, mas não o bastante para diminuir essas recordações. É desse lugar que muitos moradores tiram energia para enfrentar um cotidiano de adversidades

Tão importante quanto celebrar um amor de 25 anos, reviver a história de uma comunidade sempre unida e resistir por ela é, talvez, o que possamos chamar de ser feliz em tempos de incertezas

Além dos nomes e suas origens em comum, como os costumes de uma vida antiga na roça, muitos são os Josés e as Marias que, vítimas de um crime, passaram a compartilhar uma vida de mudanças, de receios e de lutas.

Será que os jornalistas, ao fazerem suas matérias e fotografarem as comunidades, se perguntam como os atingidos se sentem vendo suas antigas casas na televisão e jornais?

Sabemos que os desafios, as dificuldades e o cansaço tem sido insistentes nessa caminhada, porém a fé renova as nossas forças e não nos deixa desistir de lutar pelo que é nosso.

A Semana Santa em Bento Rodrigues, celebrada pelos atingidos do rompimento da Barragem de Fundão