Pelas janelas de Areal

[vc_row][vc_column][vc_column_text]Por Ana Paula Barcelos, Cenira de Barcelos (Joinha), Elson Ribeiro da Silva, Helena Costa, Jane dos Santos, Nilcilene Martins, Marcelo Augusto
Com o apoio de Daniela Ebner e Wandeir Campos
Fotos: Wandeir Campos

Assim como uma ponte que liga uma cidade à outra, nas janelas de Areal-ES existe uma força que une, uma paisagem em comum. Em cada janela quadrada presente nas fachadas destas moradias, avistam-se as motos, as bicicletas, os(as) moradores(as), as águas do rio Doce e os tubos de gás da empresa Petrobras. E é também por essas janelas que se observam as mudanças na cidade capixaba, mais uma das comunidades que enfrentam dificuldades após os três anos do rompimento da Barragem de Fundão.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column][thb_gap height=”10″][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column][vc_column_text]

Eu fui atingido, a lama veio até próximo a minha casa, num posto de peixe que eu tinha aqui. Até hoje não recebemos nada. Eles falam alguma coisa pra gente e depois desconversam. A gente dependia muito do rio pra pescar, fazer as atividades e, hoje em dia, não pode fazer isso.
Elson Ribeiro da Silva, morador de Areal-ES

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Antes tinha um peixe pra gente pegar, pra comer, tinha um serviço pra trabalhar.  Agora não tem nada. Não tem um serviço aqui. É uma luta danada, passamos até necessidade com o negócio de comida. E a água… Agora eles estão dando água pra gente. Aqui em casa até que dá, porque eu só faço a comida e [uso] pra beber. Agora, em muitas casas, não dá, porque eles usam pra mais coisa. Quando chega o fim do dia, eles estão sem água.
Nilcilene Martins, moradora de Areal-ES

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Tem 30 anos que estou aqui. Vim de São Paulo para morar com meu marido, o Zé Barcelos. Ele trabalhava no cacau e depois perdeu o emprego por causa da enchente, da “água” de Mariana que desabou lá. A maior dificuldade aqui, hoje, é ele estar desempregado. E eu vivo do salário mínimo, porque sou encostada [aposentada] pela idade.
Helena Costa, moradora de Areal-ES

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A água aqui é muito horrível. Fede quando o rio enche. Até quando a gente toma banho, ela fede o corpo da gente. Pra beber também não presta.
Ana Paula Barcelos de Santos e Marcelo Augusto, moradores de Areal-ES

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Hoje, depois de três anos, nós temos dificuldade de emprego e nossa água não é mais como era antes. Nossas crianças não têm mais um rio pra tomar banho, se divertir, fazer o que sempre faziam no domingo. Depois dessa lama aí que chegou, acabaram nossas plantações. Não temos mais água de qualidade, acabou o emprego e a lavoura cacaueira. A lama estragou tudo.
Cenira de Barcelos (Joinha), moradora de Areal-ES

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Sou mãe de cinco filhos e vivo de um salário só. Pra mim, é uma batalha. Tudo que eu tenho é essa casa, que é onde o dinheiro do trabalho do meu marido foi implantado. Hoje, eu não tenho marido, ele morreu pescando na lama, depois do rompimento. Tenho a hortinha aqui em casa, mas não colhe mais nada. Tudo que você planta só dá pra trás. Vivia da roça e da pesca. Eu também pegava um peixinho e hoje não pego mais. São muitas dificuldades, porque, como dizem: todo mundo sofre tudo igual, sofre todo mundo junto.
Jane dos Santos, moradora de Areal-ES

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