Solidariedade e transformação social: saiba mais sobre a atuação da Cáritas em Minas Gerais

Nós, da Cáritas MG, como vocês sabem, há mais de seis anos estamos juntos em Mariana como Assessoria Técnica Independente (ATI) das pessoas atingidas pela barragem de Fundão. Talvez, no entanto, não saibam que a Cáritas atua em diversos países e que a Cáritas Brasileira é um organismo da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) com trajetória de mais de 60 anos junto às pessoas em situação de vulnerabilidade social. Em Minas Gerais, a Cáritas tem 37 anos de história trabalhando com diversos públicos, executando projetos e ações no âmbito da assistência, do assessoramento e da pastoralidade transformadora na missão de construir uma sociedade mais justa e igualitária.
Nosso trabalho com e para as pessoas atingidas pela mineração vai além da ATI. Há mais de 15 anos, a Cáritas MG atua de forma preventiva, mitigadora e reparatória junto às comunidades atingidas por grandes empreendimentos. Somos uma instituição que promove debate e acúmulo sobre a temática, integramos diversos espaços de âmbito regional, nacional e até internacional, que discute a proposta de uma Ecologia Integral e os desafios comuns enfrentados pelas comunidades que vivenciam violações de direitos socioambientais. Buscamos construir espaços seguros de comunhão e fortalecimento com essas comunidades, desenvolver e incentivar experiências concretas de prevenção, ações coletivas e tecnologias sociais, além de espaços de diálogos, comunicação e articulação pela defesa e garantia de direitos das pessoas atingidas por esses conflitos.
Para tanto, a Cáritas MG se beneficia de uma rede ampla de apoio aos seus projetos. Atualmente, executamos 24 projetos, com mais de 15 financiadores distintos. Justamente por causa dessa história, do nosso papel social e transformador, da atuação com as populações em situação de vulnerabilidade, da nossa missão de estar junto e ao lado das pessoas em situação de violações de direitos, que as pessoas atingidas pela barragem de Fundão em Mariana escolheram, em 2016, a Cáritas como sua ATI.
O papel de ATI é desempenhado, com muito orgulho, pela Cáritas MG, com o objetivo de promover a participação livre e informada das pessoas atingidas na pauta da reparação integral das perdas e dos danos, sejam eles materiais ou imateriais, sofridos por essas pessoas de forma individual e/ou coletiva. Destacamos nossa atuação ao lado das pessoas atingidas em espaços como manifestações e atos públicos por direitos, audiências públicas, atendimentos individuais, reuniões de comissão, encontros de pessoas atingidas, grupos de base, entre outros. Tais espaços são utilizados justamente para ampliar e repercutir as vozes das pessoas atingidas, já que, muitas vezes, elas não são ouvidas e têm a participação interditada nas discussões dos próprios direitos em diversas mesas de negociação dos acordos e das instâncias deliberativas do que deveria ser um processo de reparação integral. Importa destacar também as instâncias de articulação e partilha entre pessoas atingidas de Mariana e de outros territórios atingidos pela mineração, uma vez que os debates sobre a reparação se dão de forma ampliada, pois os danos causados pela atividade predatória da mineração não respeitam limites municipais e estaduais.
Neste 2023 reafirmamos nosso compromisso com a promoção, garantia e defesa dos Direitos Humanos em suas mais diversas áreas, principalmente junto às comunidades atingidas pelos conflitos socioambientais. Em Mariana, seguimos firmes apoiando a luta por direitos das mais de 5 mil pessoas atingidas pelo rompimento da barragem de Fundão e as várias violações desdobradas e perpetuadas no território. Para saber mais sobre a Cáritas MG, acesse: mg.caritas.org.br e www.territorioatingido.com.br.
Por Laura Lélis, Thalita Araújo1 e Ellen Barros
Foto: Laís Jabace
1 Laura Lélis e Thalita Araújo foram assessoras na Cáritas MG em Mariana até setembro de 2022.