Editorial (Julho/2022)

Pessoa lê exemplar de jornal

Durante o mês de junho, a equipe do Jornal A SIRENE acompanhou festejos e celebrações nos territórios atingidos. Manifestações de fé, cultura e tradição. Renovação dos compromissos com a comunidade, momentos de alegria, encontros, comida boa, risadas, apesar de tudo. E o que é esse “apesar de tudo”? 

Apesar de a Renova não receber com dignidade representantes das comunidades atingidas. Apesar das contínuas violências cometidas durante o processo de repactuação, negociado entre empresas, governos, judiciário, sem incluir nenhuma pessoa atingida. Apesar de a Renova se negar a manter os modos de vida e costumes simples, como fogões a lenha tradicionais, destruídos pela lama do crime da Samarco, Vale e BHP, em 2015.

Mas as festas também acontecem por causa de tudo. Porque a Justiça reconhece a necessidade de direitos básicos, como o Auxílio Financeiro Emergencial. Porque violações como as estipuladas no novel estão sendo combatidas no Judiciário. 

As comemorações têm esse sentimento ambíguo: quase tudo ainda por reparar; a vida que resiste a desistir. Elas servem, também, para reforçar os laços de pertencimento e trazer crianças e jovens para junto da comunidade. Um dia, eles é quem vão levar à frente o que a gente, hoje, entende por Bento, Paracatu e Gesteira. Mesmo que a mineração predatória tente quebrar esses laços. “Nós enverga, mas não quebra.”