Quase imbatíveis

[vc_row][vc_column][vc_column_text]A vinda para Mariana fez com que o time masculino de futebol, o União São Bento, tivesse de se readaptar. O técnico Onésio Isabel de Souza nos contou as histórias e os desafios enfrentados pelo time.[/vc_column_text][thb_gap height=”50″][vc_column_text]

Por Onésio Isabel de Souza

Com o apoio de Joice Valverde e Wigde Arcangelo

[/vc_column_text][thb_gap height=”50″][vc_column_text]Quando eu era criança, morava numa roça mais pra baixo do Bento. Eu sempre jogava bola no campo de lá. Com 16 anos, eu vim para o Bento e entrei no time de lá. Quando o time de Bento parou, eu estava com uns 40 anos. 

Retornar o time, na época, foi muito difícil. Agora, mudou muito. Eu não queria nem mais mexer com time, não. Eles arrumaram o campo, que estava puro mato, precisavam de alguém de comando para mexer, aí me convidaram, eu entrei e nós formamos o time de novo. 

A importância no começo foi que, quando acabou o time, os meninos não tinham nada para fazer, só aprontar. Jogar bola é uma forma de tirar a molecada da rua. Na época, foi bom, todo mundo abraçou o time. Nós éramos quase imbatíveis. No segundo ano em que remontamos o time, passamos o ano inteiro sem uma derrota, tanto faz torneio quanto amistoso. 

Pelo papel social, ganhei um troféu de Gente que Faz, ele era de pedra. Ele desapareceu com o rompimento da barragem.

Lá era bastante luta; hoje, aqui, a gente chega e encontra tudo arrumado, mas lá eu arrumava o serviço sábado, ia para o campo limpar, cortava uma grama, fazia marcação, lavava vestiário para jogar domingo de manhã. Nós chegávamos no campo depois do almoço de sábado e só íamos embora às 19 horas, 20 horas.

No retorno, com jogador foi até tranquilo, o difícil foi o financeiro. Tivemos dificuldade com os uniformes, tivemos que comprar tudo de novo. Tinha um homem que nos emprestava uniformes, ele mexia com igreja. Um dia, marcamos um jogo na mesma hora da missa, aí, por isso, ele falou que não ia emprestar. Para jogar bola nesse dia compramos os uniformes. Depois, fomos comprando e ganhando outros uniformes, mas o primeiro foi doído. 

A gente jogava mais torneio. Em Bento, os troféus ficavam na minha casa. Aqui, cada um leva um para sua casa. Lá, o campo era no caminho para a minha casa, todo mundo passava e via os troféus na minha sala e aqui não tem como. Aí, aqui, a gente divide.

Hoje, a cara do time mudou muito, até porque, em cidade, é assim: um dia um tá, o outro não tá. Alguns até desistiram de jogar bola. Hoje, aqui em Mariana, precisamos reforçar com outras pessoas de fora de Bento. Se ainda fosse lá na roça, podia garantir que o time seria o mesmo de antes e estava bom demais. Mas, na cidade, muda muito. Aqui, às vezes, o cara sai para a festa e não aparece para jogar no dia; na roça, não tinha disso. Hoje, aqui, nós temos uma facilidade na parte financeira, mas, na parte disciplinar de jogador, piorou. Temos a união que tínhamos na roça, mas o compromisso mudou. Aqui, quando o jogo tá quase começando, chega um atrasado correndo. Temos uma vitória especial, quando fomos jogar lá no Mineirão, nosso time contra o de Paracatu. Ganhamos deles de 2 x 1.

Aqui na cidade é muito difícil fazer isso, mas, quando voltarmos para o Bento, pensamos em fazer umas três categorias (principal, júnior e juvenil) para não deixar acontecer o que hoje está acontecendo com o time: aqui só tem uma categoria e, se sair uma ou duas pessoas, você não tem como repor.

Onésio Isabel de Souza, morador de Bento Rodrigues

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