Perfil: Marlene Agostinha Martins

Integrante da Comissão de Atingidos pela Barragem de Fundão (CABF) de Mariana 

A CABF é um coletivo eleito e legitimado desde 2015 pela dedicação de incansáveis esforços para que as suas comunidades sejam reparadas. Conheça um pouco mais sobre essas pessoas e as principais conquistas alcançadas ao longo destes seis anos de luta. Saiba mais na matéria “Nós Somos a Comissão

* * *

Marlene Agostinha Martins, 48 anos, secretária do lar. Representante de Pedras

Marlene é moradora de Pedras e viu a sua comunidade sofrer as consequências do rompimento da barragem do Fundão. Como integrante da Comissão de Atingidos pela Barragem de Fundão (CABF), Marlene sente a responsabilidade de representar todas as pessoas que, como ela, também são atingidas.

O que te motiva?

Eu gosto. Eu corro atrás de poder ajudar as pessoas que foram atingidas, as pessoas que não sabem que têm direito. Eu procuro saber mais e correr atrás pra recuperar o que elas perderam, né? Porque tem muitas pessoas que ficaram sem saber o que fazer, às vezes ficaram esperando. Eu ia pra roça direto (agora com essa pandemia eu não estou indo), quando chegava lá as pessoas tinham perdido tudo e estavam esperando que alguém fosse lá tentar recuperar. Então eu corri atrás pra tá ajudando, falando com eles “vocês têm direito, vocês têm que procurar, que correr atrás”. E eu também ajudava eles a correr atrás.

Quais as maiores conquistas da Comissão?

A gente conquistou muitas coisas na Comissão. Isso me faz muito bem, pra mim, pra minha mente, pra minha saúde, conquistar as coisas que a pessoa perdeu. Por exemplo, consegui a casa, a moradia no reassentamento familiar, e ajudei a conseguir para algumas pessoas também e fiquei muito feliz. Outra coisa também é o auxílio financeiro, que estava muito atrasado para muitas pessoas, aí eu corri atrás, ajudei e eles conseguiram. O que me motiva a ser representante da Comissão é poder ajudar pessoas que perderam tudo a conquistar alguma coisa. Porque é muito difícil, não é fácil, não. É com muita briga, com muita luta. Eu estou nessa Comissão desde o primeiro momento que aconteceu o rompimento da barragem. Então eu chego a ficar bem cansada, chego a querer abandonar um pouco, descansar um pouquinho, mas eu não consigo porque as pessoas me ligam, me falam pra ajudar, e eu fico sempre ali ajudando. E isso pra mim também é muito bom, poder ajudar. Por um lado é ruim porque a Renova enrola muito, muito, muito. Você vê que as pessoas têm direito e ela enrola. Mas quando a gente consegue alguma coisa pras pessoas que têm direito, aí eu fico feliz, me sinto bem.

Integrantes da CABF. Arte: Wandeir Campos