O que se sabe sobre fotos de vítimas assassinadas por policiais encontradas no computador de PM
Materiais foram encontrados no computador de policial militar investigado por simular confrontos. Defesa do policial investigado disse que imagens são de um grupo formado por policiais, onde os membros compartilham notícias relacionadas a casos de polícia. Investigadres da Polícia Civil na operação Janus, em Boa Vista
Polícia Civil/Divulgação
Investigadores que atuam na identificação de crimes cometidos por policiais militares em Roraima encontraram fotos de pelo menos cinco jovens assassinados por agentes. As imagens estavam armazenadas no computador do soldado Lucas Alexandre Rufino Araruna, que está preso desde abril deste ano, suspeito de simular confrontos policiais para matar pessoas.
Agora, a investigação atua para saber se há relação entre os assassinatos, se o soldado teve relação com elas, se há mais policiais militares envolvidos e se o contexto pode ser classificado como ação de milícia. As imagens foram citadas em um relatório da Delegacia Geral de Homicídios feito a partir da operação Janus.
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Onde estavam as fotos?
Gleison Manuel Eduardo, Royner Alexander Peres e Jonas Miqueias da Silva, assassinados em confrontos policiais
Reprodução
Ao todo, foram encontradas sete fotos. Dessas, cinco são de homens assassinados em supostos confrontos policiais. As outras estão sob investigação para em quais circunstancias ocorreram.
As imagens estavam em pastas de um HD do notebook do PM Araruma. Elas são de homens assassinados em supostos confrontos policiais. Entre os mortos tinham integrantes de facções criminosas, envolvidos com crimes como tráfico de drogas e assassinatos, segundo o relatório. Das sete fotos encontradas, ao menos cinco ocorreram em supostos confrontos policias. Outras duas estão em investigação.
Quem são as vítimas?
Royner Alexander Peres, morto em 14 de maio de 2022, em um confronto com a Polícia Militar cuja ação é investigada pela DGH. Ele era investigado por um roubo cometido com Alcimar Weslley Freitas Drake, e também suspeito de crimes como tráfico e homicídio. A polícia encontrou ainda uma foto de Royner com Jonas no computador de Araruna.
Jonas Miqueias da Silva, morto em 15 de maio de 2022, um dia depois de Royner. O relatório da Polícia Civil cita que na imagem dele havia um espiral verde e uma caveira, o que levanta a suspeita de que ele estaria “na mira para morrer” e também sobre a legitimidade do confronto confronto policial que resultou na morte dele. Ele era investigado por assaltos e por integrar facção.
Alcimar Weslley Freitas Drake, morto em 10 de setembro de 2022. Ele era apontado como autor de um assalto cometido com Royner. A morte de Alcimar foi registra como “confronto policial” – a Polícia Civil investiga.
Isaac Leandro Verdadeiro, foi encontrado morto no dia 13 de setembro de 2022, três dias após o confronto que resultou na morte de Alcimar. No computador de Araruna, agentes da polícia encontraram uma captura de tela em que um rapaz lamentava a morte de Alcimar Weslley e de Isaac.
Gleison Manuel Eduardo Clemente, morto em 5 de novembro de 2022. O relatório cita também um confronto suspeito. Antes de morrer, Gleison, conforme a investigação da DGH, atirou em um policial militar durante abordagem.
Hugo Giovanny Bentes, morto em 09 de dezembro de 2023. A suspeita é que ele também morreu em suposto confronto com a PM. Ainda conforme a investigação, meses antes ele havia invadido a cada de um policial, mas chegou a ser contigo à época.
Ricardo Nunes Bragança, morto em 04 de dezembro de janeiro de 2023, também em confronto com a PM – ação está sob investigação da Polícia Civil.
Qual a relação do PM com as vítimas assassinadas?
A Polícia Civil ainda não sabe qual a relação do PM Araruna com as vítimas das fotos encontradas no computador dele. As investigação estão em andamento para saber se há ou não alguma conexão.
Procurada pela Rede Amazônica, o advogado Diego Rodrigues, que faz a defesa do policial Araruna, disse que as imagens mencionadas são de um grupo formado por policiais, onde os membros compartilham notícias relacionadas a casos de polícia, o que seria comum nesse contexto.
Também afirmou que não há qualquer mensagem ou evidência de que Araruna tenha escrito ou enviado as imagens em questão, ressaltando que se tratam de conteúdos compartilhados no grupo.
O que diz a Polícia Civil?
Todo o material encontrado no computador do PM foi descrito e analisado pelos investigadores da DGH. As evidências foram anexadas ao processo que tramita na 1ª Vara do Tribunal do Júri. A partir disso, a Civil continua com as investigações. A operação Janus correu em duas fases.
O relatório destaca ainda que as fotos foram tiradas em abordagens antes dos suspeitos serem mortos. Além disso, trocas de mensagens entre policiais indicam relação entre alguns dos casos.
A DGH investiga ao menos 15 casos de confrontos com resultado morte por intervenção de agentes de segurança registrados em 2023. Os inquéritos analisam especificamente foram confrontos e quais se enquadram em um contexto de confronto forjado, com a intervenção policial quando, de fato, não aconteceu um confronto.
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